SAÚDE

 

Pensamento: Agente Modelador

 

Comandando o cérebro está a mente, manancial dos nossos pensamentos. Quando a mente lança um pensamento no ar, materializa uma onda de natureza sutilíssima, cujo comprimento e vitalidade dependem da potência mental e da constância no pensar. Essa onda pode ser captada por outra estação mental, quando lhe sintonize, mantendo-se ambas em comunhão, absorvendo e fazendo-se absorver, em troca de idéias geradoras de sombras ou luminosidade, conforme seja o teor da mensagem intercambiada.

O pensamento possui a propriedade de modelar formas e imagens, sendo estas efêmeras ou duradouras, a depender das energias que as alimentem. Vibrando nos acordes do amor, ilumina o períspirito, dando-lhe leveza, fazendo com que tais energias dele se volatizem, sem deixar qualquer nódoa ou mancha prejudicial. No sentido oposto, detendo-se no ódio, as energias hostis que o alimentam, deixam resíduos indesejáveis, fuligem cáustica no tecido perispiritual, cuja drenagem se faz através do corpo físico em formas patogênica diversa.

O corpo físico, funcionando qual aspirador ou mata-borrão para os fluidos densos acumulados no períspirito, atrai para si as mazelas resultantes do descontrole do Espírito. Grande é a responsabilidade com o nosso pensar. O pensamento, sempre antecedendo a ação, tem no seu controle uma regra aurea para as boas construções. Quando selecionados e sintonizados com o bem, agem como bisturis removendo os hematomas perispirituais, em cirurgias plásticas modeladoras.

Jamais afastaremos os hábitos seculares antifraternos sem a renovação dos pensamentos. Quando pensamos de maneira altruísta abrigando a paz, a doação, a fraternidade, nosso ser fica impregnado de energias revigorantes que facultam com sua persistência a expulsão das ideias e imagens que não sintonizam com o novo estágio de evolução. Ao mesmo tempo, fechamos a porta para ideias pessimistas, que não conseguem se impor à calma e à confiança embasadas no bom ânimo da fé raciocinada.

O desejo de renovação, no entanto, não pode nem deve ser neurotizante, impondo uma fuga dos cenários do mundo, nem uma fiscalização castrativa e geradora de desejos de alto punição. È o velho conselho de estar no mundo sem ser do mundo e estar com eles sem ser um deles.

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Extraído do livro “O Perispírito e suas modelações” de Luiz Gonzaga Pinheiro, capítulo 27

 


 

 

 

A CONQUISTA DO SELF

 

Todos necessitamos de viajar para dentro, a fim de nos descobrirmos, desidentificando-nos daquilo que nos oculta aos outros e a nós próprios.

Retraídos, em atitude defensiva, por falso apoio de raciocínios incompletos, preferimos não permitir que pessoa alguma volte a magoar-nos, como outras já o fizeram no passado.

Colecionamos, desse modo, ressentimentos e nos levam a um comportamento de auto piedade, marchando para um estado patológico de autodestruição.

Um enfrentamento consciente com nossas mágoas irá demonstrar-nos que elas não são verdadeiras, nem têm sentido, sendo fruto da imaturidade e da presunção do ego que se atribui merecimentos que não tem.

Normalmente, o que consideramos desrespeito dos outros em relação a nós, resulta de nossa óptica equivocada ao observar os fatos, de precipitação ou mesmo de certo grau de paranoia.

Constituído por estímulos, o nosso relacionamento é malsucedido, porque não sabemos produzir o encontro, quando nos acercamos de alguém.

Evitando abrir-nos à relação, permanecemos suspeitosos e a nossa estimulação é negativa, provocando uma resposta de rejeição.

Em processo de mudanças constantes, as pessoas são imprevisíveis, o que é muito bom, pois que esse fenômeno proporciona novos descobrimentos e correções de conceitos.

Quando nos apresentamos a alguém com sinceridade, esse alguém se nos desvela com fidelidade. Um estímulo revigorante e dignificador provoca uma correspondência equivalente.

Ao nos darmos a alguém, conhecido ou não, ofertamos uma parte, algo valioso de nós.

Se a outra pessoa não souber responder, não há problema para nós, porque verdadeiramente somos o que expressamos, de que nós não podemos arrepender, nem devemos sentir-nos magoados.

Aceitar o mau humor alheio é sintonizar com ele, permitir que nos digam e imponham como devemos agir e nos comportar.

A nossa contribuição à sociedade é preservar-lhe a saúde na forma do inter-relacionamento pessoal, educando os rudes e medicando os enfermos, os antissociais.

A mágoa é consequência da imaturidade psicológica e a atitude retraída, desconfiada, resulta de predominância da nossa natureza animal sobre a natureza espiritual.

A conquista do self com todos os seus atributos e possibilidades constitui a meta primordial da existência terrena, em cuja busca devemos investir todo o potencial humano, emocional, moral, intelectual.

Considerando-nos em constante processo de crescimento, que decorre das experiências vividas e dos conhecimentos hauridos, a nossa busca do ser espiritual que somos, tornasse-nos imprescindível.

A vigilância em torno das armadilhas do ego, hábil disfarçador de propósitos, constitui-nos um motivo para superá-lo, a fim de fruirmos felicidade real.

Nesse sentido, a desidentificação dos apegos e paixões surge como passo decisivo no programa de libertação. Para o desiderato, o amor-próprio deve ser revisto, a fim de ser  substituído  pelo  auto amor  profundo,  sem  resquícios egoísticos, geradores do personalismo doentio que nos leva a conflitos perfeitamente evitáveis.

A reencarnação tem como  objetivo  a  auto conquista,  que  propicia  a realização intelecto-moral recomendada por Allan Kardec como indispensável à sabedoria, que sintetiza a aquisição do conhecimento com o amor.

Quando essa meta  não é  alcançada,  reencarna-se  o  ser  e  desencarna para retornar,  em  verdadeira  roda  de  samsara,  até  quando  as  Leis estabelecem  expiações  lenificadoras  que  interrompem o  círculo  vicioso,  para fomentar o progresso.

Surge o imperativo da dor em lugar do amor, expressão inevitável para o progresso constante dos Estatutos Divinos.

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS

 

 


 

 

 

 

ENFERMIDADE E CURA

 

O fenômeno biológico do desgaste orgânico, das distonias emocionais e mentais da criatura humana, é perfeitamente natural como decorrência da fragilidade estrutural de que se constitui.

Equipamentos delicados, que são, sofrem as influências externas e internas que contribuem para as suas alterações, e até mesmo a sua morte, mediante as incessantes transformações a que se encontram sujeitos.

Temperaturas que se alternam e ultrapassam os limites da sua resistência, condições outras atmosféricas e de insalubridade, colônias de bactérias e micro-organismos agressivos, quão destruidores, atacam-lhe as peças e quase sempre as vencem, estabelecendo distúrbios que se transformam em enfermidades variadas.

Por outro lado, choques emocionais, estados inabituais de depressão e ansiedade, pressões de qualquer ordem, especialmente as psicossociais e econômicas, as afetivas, arrastam-nos a desorganizações perturbadoras.

Sequelas de várias doenças, muitas delas agridem esses mais intrincados conjuntos eletrônicos, produzindo perturbações funcionais e psíquicas, que tipificam desequilíbrios da mente e da emoção.

A própria constituição desses órgãos tem muito a ver com as origens genéticas e, posteriormente, com os fatores organizadores do lar, da família, do grupo social, contribuindo decisivamente para as manifestações de saúde ou de desconserto.

 

O ser, porém, em si mesmo trinitário — Espírito, perispírito e matéria — é o resultado de largo processo de educação e desenvolvimento, através das contínuas

experiências reencarnacionistas.

Em cada fase da vilegiatura, no corpo ou fora dele, o Espírito conquista bênçãos que incorpora ao patrimônio evolutivo, moldando os futuros corpos de acordo com tais aquisições, que são afetadas vibratoriamente pelas ondas de energia positiva ou negativa que emite sem cessar.

Como consequência, cada criatura é especial, com reações específicas e modelagem própria, embora semelhanças profundas em umas, quão discordantes em outras.

Esse logros da evolução refletem-se na constituição orgânica, na emocional e na psíquica, selecionando genes e valores que lhes facultem estabelecer os aparelhos correspondentes e necessários para o prosseguimento da evolução.

Assim organizam-se moralmente as estruturas expiatórias e provacionais, como recursos necessários para a aprendizagem e a fixação dos valores propiciatórios

ao progresso.

 

As expiações normalmente talam o ser orgânico ou psíquico de maneira irreversível, como decorrência dos atos pretéritos de rebeldia: suicídio, homicídio, perversidade, luxúria, concupiscência, avareza, ódio e os seus sequazes.

As provações, por sua vez, são corretivos temporários que servem de advertência à insânia ou à comodidade, ao erro ou ao vício, facultando a reconquista da harmonia mediante esforço justo de recomposição interior, reintegrando o ser na ordem vigente do Universo.

Não nos referimos aqui aos quesitos das necessidades morais e sociais, detendo-nos, apenas, naqueles pertinentes à saúde e à doença.

Esses quadros das ações morais geram as reações correspondentes, como leis de causa e efeito, propelindo a resgates idênticos aos danos e prejuízos produzidos.

Conhecidos esses efeitos como carma, também esse pode ser positivo e edificante conforme as realizações anteriores, que propiciem felicidade e paz.

Vulgarmente, porém, o conceito de carma passou a ser aceito como imperativo afugente e reparador, a que ninguém foge, por efeito das suas más ações. Entretanto, esse carma, quando provacional, tem a liberá-lo o livre arbítrio daquele que o padece, como através do mesmo pode mais encarcerar-se, a depender do novo direcionamento que lhe ofereça.

 

As realizações morais geram energias positivas que anulam aquelas negativas, que propiciam o sofrimento de qualquer natureza, ensejando estímulos para a superação das antigas conjunturas atormentantes.

Sujeito, por espontânea escolha, ao carma negativo, o ser expressa, além dos problemas na área da saúde, conflitos diversos na emoção, no comportamento, a surgirem como complexo de culpa (inconsciente), timidez, medo, ansiedade, insegurança... Ao mesmo tempo, autodesvalorização, ausência da autoestima, presença de outros complexos, como os de superioridade, de inferioridade, narcisismo, de Édipo, de Eletra, e mais outros, gerando patologias graves que, não obstante, podem ser superadas mediante terapias especializadas e grande esforço pessoal.

 

No vasto quadro das enfermidades, a ausência do autoamor do paciente responde pela desarmonia que o aflige. Nem sempre essa manifestação é consciente, estando instalada nos seus refolhos como forma de desrespeito, desconfiança e mágoa por si mesmo, defluentes das ações infelizes pretéritas.

Quando uma doença se instala no organismo físico há uma fissura no conjunto vibratório que o mantém. A mente deve então ser acionada de imediato para corrigir tal distúrbio, de modo a propiciar-se a saúde.

Quase sempre, porém, os tóxicos da ira, da rebeldia e do ressentimento são introjetados no organismo, agravando mais a paisagem afetada.

Quase sempre inseguro, o ser considera que não merece o que lhe ocorre agora e teme pelo agravamento do mal, que se lhe transforma em problema afugente, ao qual acrescenta os fantasmas da dúvida, do aturdimento, do desamor cultivado sob muitos disfarces.

A amorterapia tem as suas diretrizes firmadas no ensinamento evangélico, proposto por Jesus, quando estabeleceu: — Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, como a si mesmo é um imperativo que não pode ser confundido com o egoísmo, ou o egocentrismo, mas com o respeito e direito à vida, à felicidade que o indivíduo tem e merece.

 

Trata-se de um amor preservador da paz, do culto aos hábitos sadios e dos cuidados morais, espirituais, intelectuais para consigo mesmo, sem o que, a manifestação do amor ao próximo é transferência da sua sombra, da sua imagem (fracassada) que logo se transforma em decepção e amargura, ou a Deus, a Quem não vê, tudo dEle esperando, ainda como mecanismo de fuga da responsabilidade.

O autoamor induz à elevação dos sentimentos e à conquista de valores éticos que promovem o indivíduo e o iluminam interiormente, Nele estão os cuidados pelo corpo e sua preservação através dos recursos ao alcance, estimulando órgãos e células a um funcionamento harmônico, decorrente dos pensamentos autoestimulantes, auto refazentes. Igualmente é necessário desenvolver o intelecto e a emoção para marcharem juntos como asas para largo voo, ensejando-se conhecimento e atividade fraternal beneficente, que faz bem primeiro àquele que a pratica, auxiliando depois quem dela necessita.

Não é um referencial ao gozo pessoal nem às autosatisfações dos sentidos, mas um notável recurso de equilíbrio íntimo com vistas à iluminação pessoal.

Esse amor terapêutico auxilia os campos vibratórios afetados pelas doenças, restaurando-lhes as deficiências e recompondo a harmonia do todo.

Com efeito, não evita que se adoeça ou que se morra, o que, se ocorresse, agrediria a lei da vida que estabelece: Tudo quanto nasce, morre, no que se refere ao fenômeno biológico terminal da matéria, em incessantes transformações.

 

Nessa visão do autoamor, a enfermidade e a morte não constituem fracasso do ser, antes o caminho para a vida, O conceito de realidade então se altera, passando a constituir-se uma plenitude que se alcança no corpo e fora dele, com naturais acidentes de percurso. A saúde não é mais uma compulsória para a existência corporal, senão um estado sujeito a múltiplas alterações que decorrem das variantes comportamentais do ser integral e que somente será lograda plenamente após o despir dos andrajos físicos, desde que estes são temporais, impermanentes.

Não obstante, o autoamor enseja o desfrutar de bem-estar, de equilíbrio, de funções e órgãos saudáveis, cooperando para a estabilidade emocional.

Tem-se asseverado que a tensão nervosa é um dos tiranos destruidores do corpo e dos seus equipamentos, no entanto, a forma como é enfrentada, tem muito mais a ver com os seus prejuízos.

Na amorterapia a tensão cede lugar à confiança e amortece-se face à entrega do ser a Deus, relaxando os focos de desespero e ansiedade, os compressores dos nervos, geradores de tensão.

 

No autoamor, a confiança irrestrita na realidade, da qual ninguém foge, faculta o equilíbrio propiciador da saúde. Esse sentimento produz otimismo, que é fator preponderante para o restabelecimento do campo de energia afetado pelo transtorno, já que favorece com uma mudança de comportamento mental, portanto, agindo no fulcro gerador das vibrações.

Quando se vive de forma diversa à que se exterioriza, isto é, quando se fala e aparenta algo que se não faz, há uma tendência a contrair algum tipo de enfermidade, porque a saúde não suporta essa duplicidade, que é geradora de infortúnio.

Há um inter-relacionamento entre mente e corpo mais sério do que parece.

Desse modo, o autoamor estimula à veracidade dos atos e das palavras, sustentando a saúde ou corrigindo a doença.

Os tecidos orgânicos interagem por intermédio de substâncias químicas que se movimentam na corrente sanguínea e pelos hormônios do aparelho endócrino. A hipófise é-lhes a responsável, que recebe os estímulos mediante impulsos nervosos do hipotálamo, que regula a maior parte dos fenômenos e automatismos fisiológicos. Todo esse mecanismo ocorre através de fibras nervosas, procedentes do cérebro, que as comanda sob as ordens da mente, consciente ou inconscientemente. Por isso, a indução do autoamor promove vibrações harmônicas que terminam por manter, organizar ou reparar o organismo, propiciando-lhe saúde, quando enfermo.

 

Psicologicamente o autoamor é, sobretudo, autoencontro, conquista de consciência de si mesmo, maturidade, equilíbrio.

 

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS

 


 

 

 

PAIXÃO E LIBERTAÇÃO PSICOLÓGICA

 

 

As tradições religiosas em torno da paixão de Jesus teimam por revestir-se da notícia trágica, na qual a ação autopunitiva sobressai no comportamento do fiel.

 

Trabalhando-lhe a mente, a fim de gerar-lhe consciência de culpa, com as consequências do medo em relação à justiça divina, intentam a lavagem cerebral para produzir o ódio pelo mundo, ao tempo em que mantêm os lamentáveis processos de cilícios físicos entre os fanáticos, e mentais ou emocionais naqueles que são constituídos por estrutura psicológica frágil.

 

Inegavelmente, as ocorrências dolorosas que assinalaram a última semana de Jesus, em Jerusalém, entre as criaturas, foram caracterizadas por ocorrências infelizes, que ainda se repetem na sociedade, embora guardadas as naturais proporções.

 

Recordar-se da pusilanimidade humana, da fragilidade dos caracteres de Judas e de Pedro, faz-se necessário quando os objetivos são educativos, evocando-se, porém, o estoicismo das mulheres piedosas, de João, de José de Arimatéia que Lhe cedeu o sepulcro novo, de modo que a aprendizagem se faça plena, através da dicotomia existente no comportamento humano, buscando-se oferecer uma mensagem de confiança, de arrebatamento e de fé.

 

O ser humano é ainda muito fragmentário e dúbio, carecendo de amor e paciência, que são terapias excelentes para induzi-lo ao fortalecimento do caráter, da personalidade.

 

A constante condenação multimilenária deixou marcas profundas no inconsciente coletivo, de que ora se faz herdeiro natural, surgindo-lhe transformada em medo e desprezo por si mesmo ou indiferença pessoal e desleixo no culto dos valores morais.

 

A lição viva que ressalta em Jesus desde a entrada triunfal e o julgamento arbitrário, sem qualquer defesa, propõe uma releitura do comportamento individual e coletivo dos seres, oferecendo a contribuição de resultados positivos nas reflexões mentais.

 

As crenças ortodoxas satisfazem-se com as imolações e as atitudes condenatórias que, tomadas em consideração, reconduziriam à ignorância, à treva medieval tormentosa.

 

As conquistas do momento, nas mais diversas áreas, particularmente da psicologia, não mais facilitam atitudes alienadoras como essas, antes propõem a libertação dos conflitos, a fim de que a responsabilidade, que decorre da consciência lúcida, impulsione o indivíduo ao avanço, ao crescimento, à maturidade.

 

Toda ação impositiva castradora ou liberativa insensata trabalha em favor do desequilíbrio, da desintegração do homem.

 

Toda a vida de Jesus é um processo que facilita o crescimento e a dignidade do ser humano.

 

Seus conceitos, refertos de atualidade, prosseguem sendo uma linguagem dinâmica, desobsessiva, sem compulsão, abrindo elencos de alegria e facultando o desenvolvimento daqueles que os recebem.

 

Cada passo da Sua vida leva-O a metas adredemente programadas. Sem rotina, mas, também, sem ansiedade, caracteriza-se pela vivência de cada momento, sem preocupação pelo amanhã, pois que, para Ele, a cada dia bastam as suas próprias preocupações.

 

A alegria é uma constante em Sua mensagem, apesar das advertências frequentes, das lutas abertas e de sempre O verem chorar...

 

A verdadeira alegria extrapola os sorrisos e se apresenta, não raro, como preocupação que não deprime nem fragiliza.

 

Torna-se uma constante busca de realizações contínuas, de vitória sobre as circunstâncias e os fenômenos que são naturais no processo da vida.

 

Sem paradigmas fixos, toda a Sua doutrina se constitui de otimismo e plenitude.

 

Quando os Seus seguidores marchavam para o holocausto, o martírio, o testemunho, faziam-no motivados pelo amor, sem fugas psicológicas, sem transferências, em manifestações de fidelidade, joviais e exultantes, sem ressentimentos nem ódios pelos perseguidores, por ser uma opção livre de utilização da vida.

 

A dinâmica das palavras de Jesus logrou conduzir inumeráveis criaturas à realidade transcendente.

 

Libertador por excelência, a ninguém impôs fardo, asseverando que o Seu é leve e suave é a Sua forma de julgar, analisar e compreender.

 

Enquanto ressumem na consciência da Terra as condutas punitivas e as evocações deprimentes na área das religiões, o pensamento de Jesus permanecerá em sombras, conflitos, perturbações.

 

A conquista de consciências para as fileiras da harmonia somente é possível mediante o estabelecimento de diretrizes saudáveis, nas quais, mesmo a dor assumiria a sua realidade de fenômeno degenerativo inevitável, no entanto, possível de ser superada, resistida, diluída através das reflexões e da renovação de energia que preserva o equilíbrio da existência.

 

A imposição temerária decorre do sentimento de culpa dos religiosos, que a transferem para aqueles que se lhes submetem, passando a depender das suas injunções psicológicas mórbidas.

 

Sem a semana ultrajante, sem os conteúdos da ingratidão humana em extremo, não Lhe teríamos a morte estoica, eloquente, grandiosa, demonstrando a Sua consciência de imortalidade.

 

Após a sua ocorrência, todo um solene hino à vida foi apresentado através da ressurreição, do retorno ao convívio com os amigos temerosos e com a humanidade arrependida que Ele veio libertar, amando, paciente e alegre, por conhecer os limites e deficiências daqueles que marcham na retaguarda, no entanto fitam expectantes e avançam no rumo do futuro.

 

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS

 

 

 


 

 

 

O BEM E O MAL

 


Questão de alta complexidade para a criatura humana, o dualismo do bem e do mal se encontra ínsito na sua psicologia interior, confundindo-a e perturbando-lhe, não raro, o discernimento. Com características metafísicas, na sua formulação abstrata, essa dualidade concretiza-se nos atos do ser, gerando fenômenos relevantes de consciência, que contribuem para o equilíbrio ou a desordem psíquica, de acordo com as suas respectivas manifestações.


Em todos os períodos da cultura ancestral encontramos o esforço da religião e do pensamento tentando estabelecer os paradigmas em que se apoiam um e outro, para melhor explicá-los. Ontem, era uma abstração meramente filosófica ou religiosa, passando, mais tarde, a fazer parte da ética, no capítulo da moral, avançando historicamente até interessar à sociologia, ao comportamentalismo, à psicologia.


O código de Hamurabi, inscrito em uma estela de diorito, já definia as ações louváveis e as reprocháveis, simbolizando o bem e o mal, com as respectivas consequências legais no comportamento humano em relação à criatura em si mesma, à sociedade e ao seu próximo. Entre medos e persas — o livro sagrado Zend Avesta separava a mesma dualidade nas personificações de Ormuzde — ou representação do bem — e Ariman — ou personificação do mal —, em cuja luta o último seria submetido e por consequência eliminado.


A Bíblia, por sua vez, representa o bem nas deidades angélicas e o mal, nas demoníacas, ambas, no entanto, sob o controle de Deus, contra Quem se rebelara Lúcifer que, expulso do paraíso, tornou-se-Lhe o adversário temerário...

A Metafísica Tradicional, analisando a Criação, estabeleceu os dois princípios, do bem e do mal, que se vinculam ao conciliador, no vértice superior do simbólico triângulo isósceles.


Logo depois, a interpretação chinesa apresentou-os nas duas admiráveis forças cósmicas: o Yang — masculino, positivo, seco, bom — e o Yin — feminino, úmido, negativo, frio —, que se conciliam sob o comando da suprema perfeição ao confundirem-se, gerando a harmonia.


Inspirada no hinduísmo, a Trilogia da Criação apresenta Brama como Plenipotente, o Princípio Supremo, e as duas forças antagônicas, Vishnu, o Conservador, ou princípio construtor e Shiva, o Destruidor, ou princípio aniquilador dos seres, em perene luta até a supremacia do edificador...


Das concepções pretéritas à realidade presente, filosoficamente o bem é tudo quanto fomenta a beleza, o ético, a vida, consoante a moral, e o mal vem a ser aquilo que se opõe ao edificante, ao harmônico, ao bem.


Sociologicamente o bem contribui para o progresso, e todas as realizações que promovem o ser, o grupo social e o ambiente expressam-lhe a grandeza, a ação concreta que resulta da capacidade seletiva de valores éticos para a harmonia e a felicidade.


Como efeito, o mal decorre de todo e qualquer fenômeno que se opõe ou conspira contra esse contributo superior.


A Psicologia não poderia ficar indiferente a essa dualidade que existe no ser humano, remanescendo como as suas aspirações de crescimento e elevação, do nobre e equilibrado, do saudável e propiciador de paz.


Ao mesmo tempo, o atavismo dos instintos agressivos propele-o para a violência — quando deseja possuir —, para o vilipêndio — quando se sente diminuído —, para o grotesco e vulgar — quando derrapa no menosprezo de si mesmo...


Desenvolvendo, no entanto, a consciência que sai do torpor de nível de sono sem sonhos, imediatamente começa a perceber os valores que compensam e os que conflitam o comportamento psicológico, impulsionando-o, embora lentamente, para a adoção de conduta mental e física, idealista e comportamental do bem, tornando-se instrumento útil no grupo social, que se promove e eleva-o a estágio superior, permitindo-lhe aspirar sempre a mais e melhor.


Esse discernimento, que resulta da consciência em libertação dos condicionamentos escravizadores, amplia a capacidade para identificar o bem e o mal, predispondo-o à eleição do primeiro em detrimento do outro. Se, por acaso, incorre em equívocos de seleção e tomba nas malhas do mal, mesmo que sob as circunstâncias perturbadoras do ódio, do medo, da angústia, da volúpia, da desordem interior, ao descobrir-se em falta, faz o quadro de consciência de culpa e sofre as patologias afugentes, que se lhe tornam mecanismos reparadores.


Afirma-se, porém, que a linha divisória entre o bem e o mal é tão fluida e oscilante que, não raro, o bem de hoje torna-se o mal de amanhã e vice-versa, numa dialética sofista, que se poderia considerar anárquica...


Certamente, muitos códigos e leis, de acordo com as conveniências de grupos e castas, de partidos e raças, de religiões e credos, por questões imediatistas, tentam tornar legais comportamentos que não são morais e, reciprocamente, justificando-se atitudes vulgares e tentando liberarem-se comportamentos alienados, condutas extravagantes e arbitrárias.


O Decálogo mosaico, no entanto, sintetiza os códigos moral e legal, portanto, o que é bem e o que é mal, havendo facultado a Jesus afirmar, em grandiosa proposta, toda a complexidade desse fenômeno dual: — Não fazer a outrem o que não deseja que ele lhe faça. Porque ainda injustos os homens, as leis que elaboram possuem os seus parcialismos, defecções, devendo ser respeitadas, sem que a algumas delas se atribuam reais valores morais, significativos e definidores do bem e do mal.


O bem e o mal estão inscritos na consciência humana, em a natureza, na sua harmoniosa organização que deu origem à vida e a fomenta. Tudo quanto contribui para a paz íntima da criatura humana, seu desenvolvimento intelecto-moral, é-lhe o bem que deve cultivar e desenvolver, irradiando-o como bênção que provém de Deus. E esse mal, aliás, transitório, temporal, que o propele às ações ignóbeis, aos sofrimentos, é remanescente atávico do seu processo de evolução, que será ultrapassado à medida que amadureça psicologicamente, e se lhe desenvolvam os padrões de sensibilidade e consciência para adquirir a integração no Cosmo, liberado das injunções dolorosas, inferiores.

 

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS

 

 


 

 

PADRÕES DE COMPORTAMENTO: MUDANÇAS

 

O comportamento desvela ao exterior a realidade íntima do ser humano.

Nem sempre, porém, tal manifestação se reveste de autenticidade, pois que muitos fatores contribuem para mascarar-se o que se é numa demonstração apenas do que se aparenta ser.

A Psicologia Transacional procura desvelar os enigmas do comportamento, utilizando-se da comunicação interpessoal para libertar o indivíduo de conflitos e pressões.

De acordo com a maturidade ou não do ser psicológico, a comunicação padece dificuldades que somente poderão ser sanadas quando existir um propósito firme para o êxito.

Há uma tendência natural para o disfarce do ego, quando prevalece um impulso dominante para a convivência, a experiência social, o diálogo.

A ausência de tais imperativos contribui para o desequilíbrio emocional e, por consequência, para os estados psicopatológicos que se multiplicam avassaladores.

A comunicação desempenha, em todas as vidas, um papel relevante, quando visceral, emocional, livre, sem as pressões da desconfiança e da insegurança pessoal.

À medida que o ser se descerra em narrativa afetuosa ou amiga, o interlocutor, sentindo-se acompanhado, descobre-se. Enquanto coordena as ideias para o diálogo, autoanalisa-se, identifica-se, facilitando o próprio entendimento.

Liberando-se das conversações feitas de interrogações clichês desinteressantes, penetra-se e faculta ao outro a oportunidade de igualmente desvelar-se.

Quando se repartem informações no inter-relacionamento pessoal, compartem-se emoções.

Quando a conversação, no entanto, são triviais, os clichês sem sentido e costumeiros não dizem nada. Quando se indaga:

 — Como vai? — a resposta é inevitável: — Bem, obrigado!

Mesmo porque, se o interrogado se resolvesse dizer como realmente vai, é bem provável que o interlocutor não tivesse nenhum interesse em ouvir-lhe a resposta mais complexa e profunda. Talvez a aceitasse de maneira surda, desinteressadamente, com enfado.

Na grande mole humana destacam-se os biótipos introvertidos e extrovertidos.

Os primeiros, na etapa inicial do desenvolvimento psicológico, assumem uma atitude tímida e fazem a introspecção. Passada a fase de autoanálise, torna-se indispensável à extroversão, o relacionamento, rompendo a cortina que os oculta   desvelando-se.

Os segundos, normalmente, escondem a sua realidade e conflitos erguendo uma névoa densa pela exteriorização que se permitem, inseguros e instáveis. Descobrindo-se honestamente, diminuem a loquacidade e, reflexionando, assumem um comportamento saudável, sem excesso de ruídos nem ausência deles.

Os padrões de comportamento estão estabelecidos através de parâmetros nem sempre fundamentados em valores reais. Aceitos como de conveniência, aqueles que foram considerados corretos, podem ser classificados como sociais, culturais, morais e religiosos... Em todos eles existem regras estatuídas pelo ego, para uma boa apresentação, que quer significar engodo, em detrimento do eu profundo ao processo de constantes mudanças e crescimentos.

Nos comportamentos sociais estão estabelecidas as regras do bom-tom, para deixar e transmitir impressões agradáveis, compensadoras.

As pessoas submetem-se às pequenas ou grandes regras da etiqueta, do convívio social, sempre preocupadas em dissimular os sentimentos, de modo que produzam os resultados adrede esperados.

Convive-se com indivíduos em muitos encontros sociais, permanecendo, no entanto, todos desconhecidos entre si.

O comportamento cultural reúne as aquisições intelectuais, artísticas, desportivas, mediante as quais a exibição do ego gera constrangimentos perturbadores, às vezes despertando fenômenos competitivos e de presunção lamentável, em total desrespeito pelo si, pela pessoa humana real.

As preocupações financeiras de promoção egóica comprazem o indivíduo pela exposição desnecessária do desperdício e da dissolução, provocando estados auto-obsessivos, compulsivos, de ser o maior, o mais extravagante, o de mais larga renda...

Logo após, nos raros momentos de autoencontro, surgem-lhe as depressões, que são asfixiadas sob a ação dos alcoólicos, das drogas aditivas, da autoemulação exibicionista com que foge da realidade interna para lugar nenhum.

O comportamento moral está sujeito aos imperativos legais, estabelecidos conforme o imediatismo dos interesses de grupos e legisladores, às vezes desavisados, que pensam mais em seus prazeres do que no bem geral da comunidade que lhes paga para servi-la...

Elaborando leis, desincumbindo-se do que lhes é dever muitos desses homens públicos, insensatos, dão a impressão de que estão realizando algo extraordinário, que os sacrifica, e não aquilo para o que são regiamente remunerados.

Apoiam-se, então, em comportamento moral-social de tendências egoísticas, sem qualquer consideração para com a vida.

Na área do comportamento religioso, inúmeras imposições castradoras contribuem para condutas falsas, sem qualquer consideração pelos fundamentos das Doutrinas que se devem pautar pelos processos de libertação das consciências, e não de apavoramento, de pressão, de hipocrisia, de discriminação.

Jesus conclamou os Seus seguidores à busca da Verdade que liberta em cujo comportamento se funde o ego e o eu, numa formulação de amor sem máscaras e sem conflitos.

Os padrões de comportamento normalmente se fixam em diretrizes que não atendem à realidade do ser, geralmente mutilado nas suas aspirações nobres de vida, nos relacionamentos dignos, confiantes, saudáveis...

A certeza da imortalidade da alma abre um elenco de comportamentos autenticados pela educação espiritual na busca do vir a ser, do transformar-se, do encontrar o Outro, como propunha Kierkegaard, o filósofo e teólogo existencialista...

O Outro, que facilita o diálogo, Deus, é a Fonte que se deve buscar para atingir a plenitude, a felicidade existencial.

 

MUDANÇAS

 

O ser humano prossegue em crescimento, em desenvolvimento contínuo, em mudanças.

É natural que, por efeito, o seu comportamento sofra alteração.

Toda a contextura celular renova-se incessantemente, e as experiências como as vivências contribuem para a mudança de padrões comportamentais, em inevitável processo de aprimoramento do ser, à medida que o self se liberta das contenções impostas pelos arquétipos, provenientes das reencarnações pretéritas.

A estruturação psicológica da pessoa humana está, como decorrência, a exigir renovação e estudo de si mesma, a fim de crescer psiquicamente, na razão em que se lhe desenvolvem os equipamentos orgânicos, responsáveis pelo amadurecimento cultural e social, alargando-lhe a percepção moral e a religiosidade perante as exigências da Vida.

Assim, ninguém é igual a outrem, nem pode ser avaliado mediante as comparações da frágil aparência.

A conquista de si mesmo é o desafio constante para a autorrealização, a harmonia psicológica, o desenvolvimento das percepções parapsíquicas e mediúnicas.

 

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS

 


 

 

 

NECESSIDADE DE VALORIZAÇÃO

Os destrutivos gigantes da alma, que exteriorizam os tormentos e a imaturidade do ego, de alguma forma refletem um fenômeno psicológico, às vezes de procedência inconsciente, noutras ocasiões, habilmente estabelecido, que é a necessidade da sua valorização.

 

Quando escasseiam os estímulos para esse cometimento do eu, sem crescimento interior, que não recebe compensação externa mediante o reconhecimento nem a projeção da imagem, o ego sobressai e fixa-se em mecanismos perturbadores a fim, de lograr atenção, desembaraçando-se, dessa forma, do conflito de inferioridade, da sensação de incompletude.

 

Tivesse maturidade psicológica e recorreria a outros construtores gigantes da alma, como o amor, o esforço pessoal, a conscientização, a solidariedade, a filantropia, desenvolvendo as possibilidades de enriquecimento interior capazes de plenificação.


Acostumado às respostas imediatas, o ego infantil deseja os jogos do prazer a qualquer preço, mesmo sabendo que logo terminam deixando frustração, amargura e novos anelos para fruir outros. A fim de consegui-lo e por não saber dirigir as aspirações, asfixia-se nos conflitos perturbadores e atira-se ao desespero. Quando assim não ocorre, volta-se para o mundo interior e reprime os sentimentos, fechando-se no estreito quadro de depressão.


Renitente, faculta que ressumam as tendências do prazer, mascaradas de autoaflição, de autoflagelação, de autodepreciação.


Entre muitos religiosos em clima de insatisfação pessoal, essa necessidade de valorização reaparece em estruturas de aparente humildade, de dissimulação, de piedade, de proteção ao próximo, estando desprotegidos de si mesmos...


A humildade é uma conquista da consciência que se expressa em forma de alegria, de plenitude. Quando se manifesta com sofrimento, desprezo por si mesmo, violenta desconsideração pela própria vida, exibe o lado oculto da vaidade, da violência reprimida e chama a atenção para aquilo que, legitimamente, deve passar despercebido.


A humildade é uma atitude interior perante a vida; jamais uma indumentária exterior que desperta a atenção, que forja comentários, que compensa a fragilidade do ego.


O caminho para a conscientização, de vigilância natural, sem tensão, fundamentando-se na intenção libertadora, é palmilhado com naturalidade e cuidado.
Jesus, na condição de excepcional Psicoterapeuta, recomendava a vigilância antes da oração, como forma de autoencontro, para depois ensejar se a entrega a Deus sem preocupação outra alguma.


A Sua proposta é atual, porquanto o inimigo do homem está nele, que vem herdando de si mesmo através dos tempos, na esteira das reencarnações pelas quais tem transitado. Trata-se do seu ego, dissimulador hábil que conspira contra as forças da libertação.


Não podendo fugir de si mesmo nem dos fatores arquetípicos coletivos, o ser debate-se entre o passado de sombras — ignorância, acomodação, automatismos dos instintos — e o futuro de luz — plenitude através de esforço tenaz, amor e autorrealização — recorrendo aos dias presentes, conturbados pelas heranças e as aspirações. No entanto, atraído pela razão à sua fatalidade biológica — a morte — transformação do soma — histórica — a felicidade — e espiritual — a liberdade plena — vê o desmoronar dos seus anseios e reconstrói os edifícios da esperança, avançando sem cessar e conquistando, palmo a palmo, a terra de ninguém, onde se expressam as próprias emoções conturbadas.


Essa necessidade de valorização egóica pode ser transformada em realização do eu mediante o contributo dos estímulos.
Cada ação provoca uma reação equivalente. Quando não se consegue uma resposta através de um estímulo positivo, como por exemplo: — Eu te amo, para uma contestação equivalente: — Eu também! Recorre a uma negativa: — Ninguém me ama. Recebendo-se uma evasiva — Não me inclua nisso. Sobre trauma ou rancor, o estímulo expressa-se agressivo: — Não gosto de ninguém, para colher algo idêntico: — A recíproca é verdadeira.


Os estímulos são fontes de energia. Conforme dirigidos, brindam com resultados correspondentes.


O ego que sente necessidade de valorização, sem o contributo do self em consonância, utiliza-se dos estímulos negativos e agressivos para compensar se, sejam quais forem os resultados.


O importante para o seu momento não é a qualidade da resposta estimuladora, mas a sua presença no proscênio (palcos dos teatros) onde se considera ausente.

Verdadeiramente, no inter-relacionamento social, quando todos se encontram, o ego isola suas vítimas para chamar a atenção ou bloqueia-as de tal forma que não ficam ausentes, porém tornam-se invisíveis. Encontram-se no lugar, todavia, não estão ali. Essa invisibilidade habilmente buscada compensa o conflito do ego, mantendo a autoflagelação de que não é notado, não possui valores atraentes. Tal mortificação neurótica introjeta as imagens infelizes e personagens míticas do sofrimento, que lhe compõem o quadro de desamparo emocional de desdita pessoal.

Nesse comportamento doentio do ego, a necessidade de valorização, porque não possui recursos relevantes para expor, se expressa na enganosa autocomiseração que lhe satisfaz as exigências perturbadoras, e relaxa, completando-se emocionalmente.

Quando o self assoma e governa o ser, os estímulos são sempre positivos, mesmo que tenham origem negativa ou agressiva, porque exteriorizam o bem estar que lhe é próprio.

Se alguém diz: Não gosto de você, a mensagem transacional retorna elucidando: — Eu, no entanto, o estimo.

Se a proposta afirma: — Detesto-o, a comunicação redargui: — Eu o admiro.

Não se contamina nem se amargura, porque, em equilíbrio, possui valor, não tendo necessidade de valorização.

 

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS

 

 

 


 

INVEJA

 

Remanescente dos atavismos inferiores, a inveja é fraqueza moral, a perturbar as possibilidades de luta do ser humano.

Ao invés de empenhar-se na autovalorização, o paciente da inveja lamenta o triunfo alheio e não luta pelo seu; compete mediante a urdidura da intriga e da maledicência; aguarda o insucesso do adversário, no que se compraz; observa e persegue acoimado por insidiosa desdita íntima.

Egocêntrico, não saiu da infância psicológica e pretende ser o único centro de atenção, credor de todos os cultos e referências.

Insidiosa, a inveja é resultado da indisciplina mental e moral que não considera a vida como patrimônio divino para todos, senão, para si apenas.

Trabalha, por inveja, para competir, sobressair, destacar-se. Não tem ideal, nem respeito pelas pessoas e pelas suas árduas conquistas.

Normalmente moroso e sem determinação, resultado da sua morbidez inata, o enfermo de inveja nunca se alegra com a vitória dos outros, nem com a alheia realização.

A inveja descarrega correntes mentais prejudiciais dirigidas às suas vítimas, que somente as alcançam se estiverem em sintonia, porém cujos danos ocorrem no fulcro gerador, perturbando-lhe a atividade, o comportamento.

A terapia para a inveja consiste, inicialmente, na cuidadosa reflexão do eu profundo em torno da sua destinação grandiosa, no futuro, avaliando os recursos de que dispõe e considerando que a sua realidade é única, individual, não podendo ser medida nem comparada com outras em razão do processo da evolução de cada um.

O cultivo da alegria pelo que é e dos recursos para alcançar outros novos patamares enseja o despertar do amor a si mesmo, ao próximo e a Deus, como meio e meta para alcançar a saúde ideal, que lhe facultará a perfeita compreensão dos mecanismos da vida e as diferenças entre as pessoas, formando um todo holístico na Grande Unidade.

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS

 

 

 


 

CIÚME

 

Tipificando insegurança psicológica e desconfiança sistemática, a presença do ciúme na alma transforma-se em algoz implacável do ser. O paciente que lhe tomba nas malhas estertora em suspeitas e verdades, que nunca encontram apoio nem reconforto.


Atormentado pelo ego dominador, o paciente, quando não consegue asfixiar aquele a quem estima ou ama, dominando-lhe a conduta e o pensamento, foge para o ciúme, em cujo campo se homizia a fim de entregar-se aos sofrimentos masoquistas que lhe ocultam a imaturidade, a preguiça mental e o desejo de impor-se à vitima da sua psicopatologia.


No aturdimento do ciúme, o ego vê o que lhe agrada e se envolve apenas com aquilo em que acredita, ficando surdo à razão, à verdade.


O ciúme atenaza quem o experimenta e aquele que se lhe torna alvo referencial.


O ciumento, inseguro dos próprios valores, descarrega a fúria do estágio primitivista em manifestações ridículas, quão perturbadoras, em que se consome.


Ateia incêndios em ocorrências imaginárias, com a mente exacerbada pela suspeita infeliz, e envenena-se com os vapores da revolta em que se rebolca, insanamente.


Desviando-se das pessoas e ampliando o círculo de prevalência, o ciúme envolve objetos e posições, posses e valores que assumem uma importância alucinada, isolando o paciente nos sítios da angústia ou armando-o com instrumentos de agressão contra todos e tudo.


O ciúme tende a levar sua vítima à loucura.


O ego enciumado fixa o móvel da existência no desejo exorbitante e circunscreve-se à paixão dominadora, destruindo as resistências morais e emocionais, que terminam por ceder-lhe as forças, deixando de reagir.


Armadilha do ego presunçoso, ele merece o extermínio através da conquista de valores expressivos, que demonstrem ao próprio indivíduo as suas possibilidades de ser feliz.


Somente o self pode conseguir essa façanha, arrebentando as algemas a que se encontra agrilhoado, para assomar, rico de realizações interiores, superando a estreiteza e os limites egóicos, expandindo-se e preenchendo os espaços emocionais, as aspirações espirituais, vencidos pelos gases venenosos do ciúme.


Liberando-se da compressão do ciúme, a pouco e pouco, o eu profundo respira, alcança as praias largas da existência e desfruta de paz com alguém ou não, com algo ou nada, porém com harmonia, com amor, com a vida.

 

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS

 

 

 

 


 

 

RESSENTIMENTO

 

Entre os tormentos psicológicos alienadores, a presença do ressentimento na criatura humana tem lugar de destaque.


Injustificável, sob todos os pontos de vista, ele se instala, enraizando-se no solo fértil das emoções em descontrole do paciente, aí engendrando males que terminam por consumir aquele que lhe dá guarida.


A vida se expressa em padrões sociais, resultado da condição evolutiva das criaturas que se inter-relacionam. Como é natural, porque há uma larga variedade de biótipos emocionais, culturais e religiosos ou não, as suas são reações compatíveis com os níveis de consciência em que se encontram, exteriorizando ideias e comportamentos que lhes correspondem ao estado no qual se demoram.


A convivência humana é feita por meio de episódios conflituosos, por falta de maturação geral que favoreça o entendimento e a transação psicológica em termos de bem-estar para todos os parceiros. Predominando a natureza animal em detrimento dos valores espirituais e éticos, a competição e o atrevimento armam ciladas, nas quais tombam os temperamentos mais confiantes e ingênuos, que se deixam, logo após, mortificar.


Descobrindo-se em logro, acreditando-se traído, o companheiro vitimado recorre ao ego e equipa-se de ressentimento, instalando, nos painéis da emotividade, cargas violentas que terminarão por desarmonizar-lhe os delicados equipamentos e se refletirão na conduta mental e moral.


O ressentimento, por caracterizar-se como expressão de inferioridade, anela pelo desforço, consciente ou não, trabalhando por sobrepor o ego ferido ao conceito daquele que o desconsiderou.


No importante capítulo da saúde mental, indispensável ao equilíbrio integral, o ressentimento pode ser comparado à ferrugem nas peças da sensibilidade, transferindo-se para a organização somática, refletindo-se como distúrbios gástricos e intestinais de demoradas consequências.


Gastrites e diarreias inexplicáveis procedem dos tóxicos exalados pelo ressentimento, que deve ser banido das paisagens morais da vida.


As pessoas são, normalmente, competitivas, no sentido negativo da palavra, desejando assenhorear-se dos espaços que lhes não pertencem e, por se encontrarem em faixas primitivas da evolução, fazem-se injustas, perseguem, caluniam. É um direito que têm na situação que as caracterizam.


Aceitar-lhes, porém, os petardos e vincular-se às faixas vibratórias de baixo teor, no entanto, é opção de quem não se resolve por preservar a saúde ou não deseja crescer emocionalmente.


Quando o ressentimento exterioriza as suas manifestações, deve ser combatido, mental e racionalmente, eliminando a ingerência do ego ferido e ensejando a libertação do eu profundo, invariavelmente esquecido, relegado a plano secundário.


O indivíduo, através da reflexão e do autoencontro, deve preocupar-se com o desvelar de si, identificando os valores relevantes e os perniciosos, sem conflito, sem escamotear, trabalhando aqueles que são perturbadores, de modo a não facultar ao ego doentio o apoio psicológico neles, para esconder-se sob o ressentimento na justificativa de buscar ajuda para a autocompaixão.


O processo de evolução é incessante, e as mudanças, as transformações fazem-se contínuas, impulsionando à conquista dos recursos adormecidos no imo, o Deus interno que jaz em todos os seres.


A liberação do ressentimento deve ser realizada através da racionalização, sem transferências nem compensações egóicas.


À medida que a experiência fixa aprendizados, esse terrível gigante da alma se apequena e se dilui, desaparece, a partir do momento em que deixa de receber os alimentos de manutenção pela ideia fixa e mediante o desejo de revidar, de sofrer, de ser vítima...

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS.

 

 

 


 

GIGANTES DA ALMA

 

Envolto na pequenez das aspirações egóícas, o ser move-se sob as injunções das necessidades de projeção da imagem, por sentir-se incapaz de superar a sombra, manifestando a força do eu real, imagem e semelhança de Deus.

 

Gerado para alcançar o Infinito e a Consciência Cósmica, é deus em germe, que as experiências evolutivas desenvolvem e aprimoram.

 

O ego, projetando-se em demasia, compõe os quadros de aflição em que se refugia e, negando-se a lutar, desenvolvem os fantasmas gigantes que o protegem, quais cogumelos venenosos que desabrocham em terrenos úmidos e férteis, medrando no seu psiquismo atormentado e passando ao domínio escravizado.

 

Entre os terríveis gigantes da alma, que têm predomínio em a natureza humana, destacam-se: os ressentimentos, os ciúmes e as invejas que entorpecem os sentimentos, açulam a inferioridade e terminam por vencer aqueles que os vitalizam, caso não se resolvam enfrentá-los com hercúlea decisão e pertinaz insistência.

 

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS.

 


 

 

PROBLEMAS HUMANOS

 

Os problemas humanos ou desafios existenciais fazem parte do organograma da evolução. A criatura pensante é um ser incompleto ainda, em constante processo de aprimoramento, de transformações, em prolongado esforço para desenvolver os potenciais psicofísicos, parapsicológicos e mediúnicos nela em latência.


Aferrada às impressões mais grosseiras do ego, face ao que considera como fatores indispensáveis à sobrevivência — valores materiais que propiciam alimentação, vestuário, repouso, prazer e tranquilidade ante a doença e a velhice — desenvolve o apego e exterioriza o sentimento centralizador da posse, mantendo-se em alerta para a preservação desses bens, que lhe parecem de significado único, portanto, essenciais.


Qualquer ameaça real ou imaginária, que possa produzir a perda, torna-se problema, que logo se incorpora à conduta, gerando perturbação.


Além desses, outros (problemas) há de natureza psicológica, como heranças reencarnacionistas, que ressumam em forma de fenômenos patológicos, inquietadores.


Somem-se-lhes os que se derivam do inseguro inter-relacionamento pessoal, como decorrência do que se consigna em condição de imperfeições da alma.


Os problemas enraízam-se, não raro, nos tecidos da malha delicada do psiquismo, avultando-se ou perdendo o sentido, de acordo com as resistências fortes ou frágeis da personalidade individual.


O que a uns constitui gravame, aborrecimento, a outros não passa de insignificante acidente de percurso que estimula a marcha.


Quanto mais se valoriza o problema, mais vitalidade se lhe oferece, aumentando-lhe a força de ação com os seus correspondentes efeitos.


Nas personalidades instáveis, normalmente os complexos psicológicos assumem as responsabilidades pelas ocorrências problematizantes.


Quando algo em que se confia, ou do qual se espera resultado positivo, transforma-se em desastre, insucesso, o ego foge, escamoteia-o, por falta de consciência lúcida, afirmando: Eu sou culpado.


A inferioridade psicológica desenvolve o complexo em que se refugia, e, mesmo quando em aparente conflito, nele se realiza, justifica-se, deixa de lutar.


Certamente, cada problema merece um tipo de atenção, de cuidado especial para a sua solução. Esse esforço deve ser natural, destituído dos estímulos negativos do medo ou da ansiedade, de modo a analisar a situação conforme se apresente, e não consoante os fantasmas da insegurança desenhem na imaginação criativa — refúgio para a irresponsabilidade que não assume o papel que lhe diz respeito.


Em outros temperamentos, quando o problema se converte em dificuldade e ocorrência prejudicial, o ego estabelece: A culpa é do outro; ou da saúde; ou da família; ou do grupo social; ou da sociedade em geral, ou do destino...


Resolve-se a questão utilizando-se do complexo de superioridade, e mediante esta conduta coloca-se acima de qualquer suspeita de fragilidade, escondendo-se nas justificativas de incompreendido, perseguido, infeliz...


Evitando considerar o problema na sua real significação, passado o momento, compõe a consciência de culpa e esse mesmo ego recorre à condicional dos verbos, afligindo-se: Eu deveria ter feito de tal forma; eu poderia ter enfrentado; eu tentaria evitar...


Mecanismos perversos de imaturidade compõem a tecedura protetora do escapismo, para fugir das consequências dos problemas, cuja finalidade é testar as possibilidades e valores de cada uma em particular e de todas as criaturas em geral.


O problema humano, portanto, maior e mais urgente para ser equacionado, é a própria criatura.


Para consegui-lo, mister se torna o amadurecimento psicológico, decorrente do esforço sério e bem direcionado, do estudo do eu profundo e da sua busca incessante, que são as metas existenciais mais urgentes.


Na transitoriedade da condição humana, o eu profundo deve emergir, desatando os inestimáveis recursos que lhe são inatos, graças ao qual o psiquismo comanda conscientemente a vida, abrindo o leque imenso das percepções paranormais.


Nesse elenco de registros parapsíquicos desabrocham os recursos mediúnicos que propiciam o livre trânsito entre as duas esferas da vida: a física e a espiritual.


Essa dilatação da capacidade parafísica propicia o mergulho do eu profundo — o Espírito — na causalidade dos fenômenos humanos, assim interpretando, na origem, os problemas que sempre procedem das experiências anteriores.


Mesmo quando são atuais e começou recentemente, o ser que os enfrenta necessita deles, recuperando-se moralmente, trabalhando o amadurecimento, porquanto, o estado de infância psicológica decorre da ausência de realizações evolutivas.


Ninguém permanece vivo sem o enfrentamento com os problemas, que existem para ser resolvidos, oferecendo o saldo positivo de evolução.

 

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS.

 

 

 


 

 

COMPORTAMENTOS EXÓTICOS

 

A dependência psicológica do morbo da queixa, traduzindo insegurança e instabilidade emocional, leva a estados perturbadores que se podem evitar, mediante o cuidado na elaboração das ideias e do otimismo na observação das ocorrências.

O queixoso perdeu o endereço de si mesmo, transferindo-se para os departamentos da fiscalização da conduta alheia.

Síndrome compulsiva para aparecer, o paciente se oculta na mentirosa postura de vítima ou na condição de portador de conduta inatacável, escorregando pela viciação acusadora, que mais lhe agrava o distúrbio no qual estertora.

Da simples fixação do erro e apenas dele — conforme afirma o brocardo popular, enxerga uma agulha num palheiro — modifica o comportamento perdendo a linha convencional do que é correto e saudável para viver de maneira alienada, cultivando exotismos, dando largas ao inconsciente, responsável pelas repressões que se transformaram em mecanismos de afirmação da personalidade.

Saúde, em realidade, é estado de bom humor, com inalterável tolerância pelas excentricidades dos outros e seus correspondentes erros.

O homem saudável sobressai pela harmonia e otimismo em todas as situações, mantendo-se equilibrado, sem os azedumes perturbadores, os ademanes chamativos, nem as agravantes manifestações anômalas.

A doença caracteriza-se pela inarmonia em qualquer área da pessoa humana, gerando os distúrbios catalogados nos diferentes departamentos do corpo, da mente, da emoção.

A insegurança, a frustração, os complexos de inferioridade, perturbando o equilíbrio psicológico, transferem-se para as reações nervosas, manifestando-se em contrações musculares, fixações, repetições de gestos, palavras e conduta alienadoras, que degeneram nas psicoses compulsivas, específicas, cada vez mais constritoras, em curso para o desajuste total...

O excêntrico é ser atormentado, ególatra; frágil, que se faz indiferente; temeroso, que se apresenta com reações imprevisíveis; insensível, que se recusa enfrentar-se. Ignora os outros e vive comportamentos especiais, como única maneira de liberar os conflitos em que se aturde.

A psicoterapia própria, reajustadora, apresenta-se lhe propondo uma revisão de valores culturais e sociais, envolvendo-o no grupo familiar e nos problemas da comunidade, a fim de que rompa a carapaça da dissimulação e assuma as responsabilidades que interessam a todos, tornando-se célula harmônica, ativa, ao invés de manter-se em processo degenerativo, ameaçador...

Atavicamente herdeiro dos hábitos pretéritos, conduz de reencarnações infelizes, excentricidades multiformes, como arquétipos do inconsciente coletivo que, no entanto, são gerados por ele próprio.

Nessa área, surgem os distúrbios do sexo, predominando a psicologia à morfologia, caracterizando biótipos extravagantes, que chamam a atenção pelo desvio de conduta, por fenômeno psicológico de não aceitação de sua realidade, compondo uma personificação que agride aos outros, e a si mesmo se realiza em fenômeno de autodestruição.

A exibição não é apenas uma forma de assumir o estado interior, psicológico, mas, também, de chocar, em evidente revolta contra o equilíbrio mente-corpo, emoção-função fisiológica...

Por extensão, a compulsão psicótica leva-o à extroversão exagerada, em todas as formas da sua comunicação com o mundo exterior, pondo para fora os conflitos, mascarados em expressões que lhe parecem afirmar-se perante si mesmo e as demais pessoas.

Outrossim, algumas dessas personalidades exóticas fazem-se isoladas onde quer que se encontrem, evitando o relacionamento com o grupo, em postura excêntrica, de natureza egoísta.

Exigem consideração, que não dispensam a ninguém; auxílio, que jamais retribuem; gentilezas, que nunca oferecem, sendo rudes, mal-humorados, insensíveis e presunçosos.

Essa é uma fase adiantada do comportamento exótico, que exige mais acentuada terapia de profundidade.

Nesse estágio da conduta, os sonhos são-lhes caracterizados pela necessidade tormentosa de conseguirem a realização plenificadora, que não atingem.

Devaneios íntimos povoam-lhes o campo onírico, referto de transtornos e pesadelos, que mais os inquietam quando no estado de consciência lúcida.

Os fatos da infância ressurgem-lhes fantasmagóricos, e a imagem da mãe, excessivamente dominadora ou tragicamente benévola, que transferiu para o rebento suas frustrações e nele passou a realizar-se, anelando para a felicidade do ser querido tudo aquilo quanto não fruiu neurótica, portanto, na sua estrutura maternal.

A psicoterapia deve apoiar-se na busca da conscientização do paciente, para que assimile novos hábitos, empenhando-se em harmonizar a sua natureza interior com a sua realidade exterior, exercitando-se no convívio social sem a tentação de destacar-se, sendo pessoa comum, identificada com os objetivos normais da vida, que escolherá conforme as próprias aptidões, trabalhando com esforço a modelagem da nova personalidade.

O desenvolvimento da criatividade contribui para o ajustamento da personalidade ao equilíbrio, gerando o enriquecimento interior, que anulará os condicionamentos viciosos.

Sem dúvida, o acompanhamento do psicólogo assim como do analista atentos lhe propiciará o encontro com o eu profundo e seus conteúdos psíquicos, liberando-se das heranças neuróticas e dos condicionamentos psicóticos.

O homem e a mulher saudáveis têm comportamento ético, sem pressão, e tornam-se comuns, sem vulgarizarem-se.

 

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS.

 

 

 


 

 

QUEIXAS

 


O golfo de Corinto, na Grécia, é região de beleza ímpar. As suas águas, em tonalidade azul-turquesa, parecem um espelho, emoldurado pelas montanhas que lhes resguardam a tranquilidade multimilenária.
No monte Parnaso, em lugar de destaque, erguia-se o santuário de Delfos, o mais importante da época, onde se cultuava Apolo, o deus da razão, da cultura, da luz.


Na mitologia grega arcaica, Apolo era o símbolo do conhecimento, equacionador dos enigmas e dos conflitos. Para o seu templo, em consequência, acorriam multidões aturdidas e ansiosas em busca de orientação, de segurança emocional, de solução para os problemas.


Psicanaliticamente, era um reduto onde nasciam as identificações inconscientes do ser, organizadoras do eu. Ali, as sibilas, que transmitiam as repostas do deus evocado, desempenhavam papel importante no comportamento dos consulentes, bem como das cidades-estados que lhes buscavam ajuda, inspiração.


Era o santuário no qual se sucediam os apelos, e se multiplicavam as queixas dos desesperados, dos que necessitavam de soluções imediatas para a sobrevivência moral, financeira, social, emocional...


Hoje, reduzido a escombros, ainda permanece a sua mensagem no inconsciente da criatura, herdeira do arquétipo arcaico, que prossegue buscando soluções fáceis, miraculosas, sem o contributo do esforço pessoal, que deve ser desenvolvido.


Permanecendo na infância psicológica, aquele que de tudo se queixa tem a personalidade desestruturada, permanecendo sob constantes bombardeios do pessimismo, do azedume e dos raios destruidores da mente rebelde.


A queixa de que se faz portador é reação mental e emocional patológica, refletindo-lhe a insegurança e a perturbação, responsáveis pelas ocorrências negativas que procura ignorar ou escamotear.


Ocultando os conflitos perturbadores, transfere para as demais pessoas as causas dos seus insucessos, sem conseguir enunciá-las, porque destituídas de lógica, passando as acusações para os tempos nos quais vive, às autoridades governamentais, à má sorte, aos fados perversos, assim acalmando-se e tornando- se vítima, no que se compraz.


Os mitos trágicos, que remanescem no inconsciente, assomam-lhe, e personificam-se nas criaturas, que passa a detestar ou nas circunstâncias, que são denominadas como aziagas.


Certamente, há fatores humanos e ocasionais que respondem pelas dificuldades e problemas humanos. São, no entanto, a fragilidade e a insegurança do paciente que ocasionam o insucesso, que poderia ser transformado em êxito, caso, no qual, abandonando a queixa, perseverasse na ação bem direcionada.


Não consideramos sucesso apenas o triunfo econômico, social, político, religioso, artístico, quase sempre responsável por expressões de profundo desequilíbrio no comportamento, gerador de estados neuróticos e de perturbações lastimáveis, que se agravam com as queixas.


Referimo-nos a sucesso, quando o indivíduo, em qualquer circunstância, mantém a administração dos seus problemas com serenidade, conserva-se em harmonia no êxito social ou na dificuldade, sem nenhuma perturbação ou desagregação da personalidade, através dos bem aceitos recursos de evasão da responsabilidade.


Por isso, o santuário de Delfos ensinava o conhece-te a ti mesmo como psicoterapia relevante, e mediante esta contribuição o ser amadureceria, crescendo interiormente, assegurando-se da sua fatalidade histórica, a plenitude.


A queixa, como ferrugem na engrenagem do psiquismo, é cruel verdugo de quem a cultiva.


Substituí-la pela compreensão, perante os fenômenos da vida, constitui mecanismo valioso de saúde psicológica.


Diante de quaisquer injunções perturbadoras, o enfrentamento tranquilo com as ocorrências deve ser a primeira atitude a ser tomada, qual se buscasse Apoio — o discernimento —, deixando-se conduzir pela razão lúcida — a sibila — e descobrisse a real finalidade de todos os fatos existenciais.

 

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS.

 

 


 

 

AUTOCOMPAIXÃO

 

Psicologicamente, o homem que cultiva a autopiedade desenvolve tormentos desnecessários que o deprimem na razão direta em que a eles se entrega.

 

Reflexões sobre dificuldades pessoais constituem fenômeno auxiliar para ações dignificadoras, facultando a identificação dos recursos disponíveis, bem como avaliação das atitudes que redundaram em insucesso ou desequilíbrio, a fim de as evitar no futuro ou corrigi-las quanto antes.

 

Toda aprendizagem assenta-se nos critérios do erro e do acerto, selecionando as experiências consideradas saudáveis, benéficas, que se fixam pela natural repetição.

 

Desse modo, os insucessos são patamares que propiciam avanços para que se alcancem degraus mais elevados.

 

Quando, porém, o indivíduo elege a posição de vítima da vida, assumindo a lamentável condição de infelicidade, encontra-se a um passo de perturbações emocionais graves, logo derrapando em psicopatologias devastadoras.

 

A mente, conforme seja acionada pela vontade, torna-se cárcere sombrio ou asas de libertação, e ninguém se lhe exime à influência.

 

Conduzida pelos escuros corredores da lamentação, desatrela condicionamentos que aprisionam o ser demoradamente.

 

Por isso mesmo, o cultivo da autocompaixão, mediante a insistente reclamação em torno dos acontecimentos da vida, demonstrando insatisfação sistemática, transforma-se em mecanismo masoquista de perturbadora presença no psiquismo. A pseudoaflição mantida converte-se em motivo de alegria, realizando um mecanismo de valorização pessoal, cujo desvio comportamental plenifica o ego.

 

Todo aquele que se faculta a autocompaixão neurótica é portador de insegurança e de complexo de inferioridade, que disfarça, recorrendo, inconscientemente, às transferências da piedade por si mesmo, sem qualquer respeito pelas demais pessoas. Desenvolve os sentimentos de indiferença pelos problemas dos outros, fechando-se no círculo diminuto da personalidade mórbida.

 

No seu atormentado ponto de vista, somente a sua é uma situação dolorosa, digna de apoio e solidariedade. E, quando essas expressões de ocorro lhe são dirigidas, reage, recusando-as, a fim de permanecer na postura de infelicidade que o torna feliz.

 

Aquele que se entrega à autocompaixão nunca se satisfaz com o que tem, com o que é, com os valores de que dispõe e pode movimentar. Não raro, encontra-se mais bem aquinhoado do que a maioria das pessoas no seu grupo social; no entanto, reclama e convence-se da desdita que imagina, encarcerando-se no sofrimento e exteriorizando mal-estar à volta, com que contamina as pessoas que o cercam ou que se lhe acercam.

 

Os grandes vitoriosos do mundo lutaram com tenacidade para romper os limites, os problemas, as enfermidades, os desafios. Não nasceram fortes; tornaram-se vigorosos no fragor das batalhas travadas. Não se detiveram na lamentação, porque investiram na ação todo o tempo disponível.

 

Milton, o poeta cego, prosseguiu escrevendo excelentes poemas, ao invés de lamentar-se; Beethoven continuou compondo, e com mais beleza, após a surdez total; Chopin, tuberculoso, deu seguimento às músicas ricas de ternura, entre crises de hemoptises, e Mozart, na miséria, sofrendo competições ultrizes, traduziu para os ouvidos humanos as belas melodias que lhe vibravam na alma...

 

Epícteto, escravo e doente, filosofava, estoico; Demóstenes, gago, recorreu a seixos da praia, colocando-os sobre a língua, para corrigir a dicção; Steinmetz, aleijado, contribuiu para o engrandecimento da Química...

 

Franklin D. Roosevelt, vitimado pela poliomielite, tornou-se presidente da América do Norte e colaborou grandemente para a paz mundial durante a Segunda Guerra; Helen Keller, cega, surda e muda, comoveu o mundo com a sua coragem, cultura, e amor a Deus, ao próximo, à vida e a si própria...

 

A galeria é expressiva e iluminada pelo gênio e pela coragem desses homens e mulheres extraordinários.

 

Quando se mantém a autocompaixão, extermina-se o amor, não se amando, nem tampouco a ninguém.

 

O homem tem o dever de aprofundar meditações em torno das aflições e dos seus problemas, a fim de superá-los.

 

O desenvolvimento saudável do ser psicológico impele-o à confiança e o induz à atividade para a aquisição do sentido da vida, da sua finalidade.

 

Quem de si se compadece, recusa-se a crescer e não luta, estagiando na amargura com a qual se compraz.

 

Fator de desintegração da personalidade, a autocompaixão deve ser rechaçada sempre e sem qualquer consideração, cedendo espaço mental para os tentames que levam à vitória, à saúde emocional e à harmonia íntima.

 

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS.

 

 


 

 

NEUROSE

 

Enfermidade apirética, decorrente de perturbações do sistema nervoso, sem qualquer lesão anatômica de vulto, a neurose é mal que perturba expressivo número de criaturas da mole humana.

Com características próprias e sem causalidade cerebral, desequilibra a emoção e gera desajustes fisiológicos sem patogênese profunda.

Para um melhor, breve, estudo metodológico, recorremos a Freud, que classificou as neuroses em dois grupos, embora a complexidade moderna de conceitos e variedades ora apresentados por especialistas.

O célebre médico vienense, que muito se interessou pelas neuroses, estabeleceu que as há verdadeiras e psiconeuroses. As primeiras decorrem de fixações e pressões de vária ordem, desajustando o sistema nervoso, sem que necessariamente o lesionem. Ao lado do mecanismo psicológico causal, apresentam uma temporária perturbação orgânica. São elas: a neurastenia, a hipocondria, as de ansiedade, as de origem traumática... Ao se instalarem, apresentam estados de angústia, de ansiedade, de insegurança, de medos...

As segundas, porque de origem psicogênica, conduzem a uma regressão de  fixações da infância, expressando-se como manifestações de histeria conversiva, ansiosa, incluindo os estados obsessivo e compulsivo.

As neuroses, porque de apresentação sutil no seu começo — tiques nervosos, repetições de palavras ou de gestos, dependências de bengalas psicológicas, fixações psíquicas que se agravam — grassam, na sociedade, especialmente em decorrência de exigências do grupo social e da coletividade, em formas de pressões reais ou aparentes, que, nos temperamentos frágeis, produzem desarmonia, dando curso a inquietações, às vezes, alarmantes.

É comum fazerem-se acompanhar de episódios e fenômenos somáticos mui variados, como taquicardias, prisões de ventre, dores que parecem reais. À medida que se agravam, podem levar a paralisias, distúrbios de postura, de fonação, movimentos desconexos...

Quando se apresentam com manifestações fóbicas — medos de ambientes fechados, de altura, de doenças, amnésia, etc. — trazem componentes graves, de mais difícil recuperação.

O quadro dos estados histéricos, conversivos e ansiosos, radica-se na psique e tende a avançar para as fixações obsessivas e compulsivas atormentantes.

Generalizando a sua etiopatogenia, também podem manifestar-se em caráter misto, isto é, verdadeiro e psicogênico, simultaneamente, assumindo proporções mais sérias, a um passo dos estados psicóticos, às vezes, irreversíveis.

Não raro, as neuroses apresentam-se com caráter de culpa, atormentando o paciente com a inquietante ideia de que, sobre todo mal e insucesso que lhe acontece, a responsabilidade pertence-lhe. A manifestação do pensamento de culpa tem um significado autopunitivo, perturbador, que dissocia a personalidade, fragmentando-a.

Outras vezes, expressam-se como forma de transferência, e a necessidade de culpar outrem aturde o paciente, que se apresenta sempre na condição de vitima, buscando, fora de si, às razões que lhe justifiquem as ocorrências mínimas ou máximas que o desagradem. Quando ele não encontra um responsável próximo e direto, apela para a figura do abstrato coletivo: a sociedade, o governo, Deus...

Os estados neuróticos são profundamente inquietadores e desarmoniza o psiquismo humano, necessitando receber conveniente terapia, bem como perseverante esforço de recomposição psicológica.

Aprofundando-se a sonda da inquirição na psicogênese dos fenômenos neuróticos, defrontar-se-ão as causas reais na conduta anterior do paciente, que atrelou a consciência a comportamentos desvairados e passou injustamente considerado, recebendo simpatia e amizade dos amigos e conhecidos, quando deveria haver sido justiçado, transferindo os receios e inseguranças, que permaneceram camuflados por aparência digna para a atual reencarnação, na qual assomam do inconsciente profundo as culpas e os conflitos que ora se manifestam como processos reparadores.

Eis por que, ao lado das neuroses, surgem episódios de obsessão espiritual que agravam a débil constituição do enfermo, empurrando-o para processos longos de loucura.
Assim ocorre, porque as vítimas das suas ações ignóbeis morreram, porém não se consumiram, e porque prosseguiram vivendo, reencontram, por afinidade de consciência de dívida-e-cobrança, os adversários, lhes infligindo então maior soma de aflições, a princípio telepaticamente, depois os sujeitando pelo controle mental e, ainda, mais tarde, de natureza física, quando ocorrem as subjugações lamentáveis.

A consciência inquieta, que reflete na psicologia do indivíduo os estados neuróticos, encontra-se vinculada a acontecimentos pretéritos, negativos, quão infelizes.

As moléstias, particularmente na área psíquica, instalam-se, por serem doentes da alma os seus portadores.
Toda terapia liberativa deve ter como recurso de auxílio à renovação moral do paciente, sua reeducação através das disciplinas espirituais da oração, da meditação, da relevante ação caridosa, por cujo meio ele se lenifica e se apazigua com aqueles que o odeiam e consigo mesmo, por constatar a excelência da própria recuperação.

Lentamente, a Psicologia Transpessoal identifica esses seres — personalidades anômalas, dúplices, etc. — que interferem no comportamento das criaturas humanas e as perturbam, não sendo outros, senão, as almas dos homens que antes viveram na Terra e permanecem vivos.

Como terapia preventiva a qualquer distúrbio neurótico, a autoanálise frequente, com o exame de consciência correspondente, desidentificando-se das matrizes perturbadoras do passado, e abrindo-se às realizações de enobrecimento no presente, com os anseios da conquista tranquila do futuro.

Certamente, conhecendo a etiopatogenia das enfermidades em geral, Jesus asseverou: A cada um segundo as suas obras...

Atuar sempre com segurança após saudável reflexão, pensar com retidão e viver em paz consigo mesmo, representam o mais equilibrado e expressivo caráter psicológico de criatura portadora de saúde mental.

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS.

 


 

 

DIFICULDADES DO EGO

 

 

Característica iniludível de imaturidade psicológica do indivíduo, é a sua preocupação em projetar o próprio ego.

 

Atormentado pela ausência de valores pessoais quão inseguro no comportamento apega-se às atitudes afugentes da autopromoção, passando a viver em contínua inquietação, porque sempre insatisfeito.

 

Afirmou Freud que o sofrimento é inevitável, considerando os grandes problemas que aturdem os seres nas várias expressões em que se exteriorizam.

 

De fato, a transitoriedade da vida física responde pela morte rápida da ilusão e pela destruição dos seus castelos, produzindo lamentáveis estados emocionais naqueles que se lhes agarram com todas as veras. Logo se percebem de mãos vazias, sem qualquer base em que apoiem e firmem as aspirações que acalentam.

 

As diversas enfermidades e as variadas frustrações, que se radicam no ego, têm, porém, uma historiografia muito larga, transcendendo a existência atual, remontando ao passado espiritual do ser.

 

Não conhecendo a gênese das mesmas, o indivíduo centraliza, nas necessidades de afirmação da personalidade, os seus anseios, derrapando nas valas da projeção indébita do ego.

 

Quando não se consegue aparecer através das realizações edificantes, mascara-se, e promove situações que vitaliza no íntimo, desde que chame a atenção, faça-se notar.

 

Em alguns casos, vitimado por conflitos rudes, elabora estados narcisistas e afoga-se na contemplação da própria imagem, em permanente estado de alienação do mundo real e das pessoas que o cercam.

 

Patologicamente sente-se inferiorizado, e oculta o drama interior partindo para o exibicionismo, como mecanismo de fuga, sustentando-se em falsos pedestais que desmoronam e produzem danos psicológicos irreparáveis.

 

A criatura que não se conhece, atende ao ego, buscando tornar-se o centro das atenções mediante tricas e malquerenças, que estabelece com rara habilidade, ou envolvendo-se nos mantos que a tornam vítima, para, desse modo, inspirar simpatia, colimando o objetivo de ser admirada, tida em alta conta.

 

Toda preocupação que se fixa, conduzindo a autopromoção, constitui sinal de alarme, denunciando manifestação dominadora do ego em desequilíbrio, que logo gerará problemas.

 

A conscientização da transitoriedade da existência física conduz o ser ao cooperativismo e à natural humildade, tendo em vista as realizações que devem permanecer após o seu desaparecimento orgânico.

 

Por outro lado, o autodescobrimento amadurece o ser, facultando-lhe compreender a necessidade da discrição que induz ao crescimento interior, à plenitude.

 

Toda vez que alguém se promove, chama a atenção, mas não se realiza.

 

Pelo contrário, agrada o ego e fica inquieto observando os competidores eventuais, pois que, em todas as pessoas que se destacam vê inimigos, face ao próprio desequilíbrio, assim engendrando novas técnicas para não ficar em segundo plano, não passar ao esquecimento.

 

O tormento se lhe faz tão pungente e perturbador que, em determinadas áreas das artes, criou-se o brocardo: Que se fale mal de mim; mas que se fale, numa asseveração de que a evidência lhes preenche o ego, mesmo quando é negativa.

 

A Psicologia Transpessoal, diante de tal estado, propõe uma revisão dos conteúdos da personalidade, do ego, estabelecendo, como fator essencial no processo da busca da saúde, a conquista do ser pleno, realizador, identificando-se preexistente ao corpo e a ele sobrevivente, sem o que a vida se lhe torna, realmente, um sofrimento inevitável.

 

Nas faixas da evolução mais densa, em que estagia a grande mole humana, o sofrimento campeia, por ser uma forma de malho e de bigorna que trabalham o indivíduo, nele insculpindo o anjo e arrancando-lhe o demônio do primitivismo aí predominante.

 

Ciúme, ressentimento, inveja, ódio, maledicência e um largo cortejo de emoções perturbadoras são os filhos diletos do ego, que deseja dominação e, na ânsia de promover-se, nada mais logra do que projetar a própria sombra, profundamente prejudicial, iníqua.

 

A superação dessa debilidade moral, dessa imaturidade psicológica ocorrerá, quando o paciente, de início, vigiar as nascentes do coração, conforme propôs Jesus, o Psicoterapeuta Excelente, realizando um trabalho de crescimento emocional e uma realização pessoal plenificadores.

 

Qualquer escamoteamento da situação mórbida constitui risco para o comportamento, face aos perigos que são produzidos pelos problemas do ego dominador.

 

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS.

 

 

 

 


 

ÊXITO E FRACASSO

 

O estado normal da criatura é o de saúde, no qual o bem-estar e o equilíbrio proporcionam clima respirável de satisfação.

 

Elaborada para um ritmo harmônico de vida, a maquinaria fisiopsíquica obedece a automatismos precisos, dos quais resultam a saúde e as disposições emocionais, para galgarem-se patamares reais elevados nos processos das aspirações idealistas.

 

Ser pensante destaca-se a criatura na escala zoológica, compreendendo os mecanismos da vida e aplicando o conhecimento para os logros da autorealização

e da autoplenificação que lhe constituem o ápice da saúde.

 

Saúde seria, portanto, um fenômeno natural. Não fossem do ponto de vista biopsicológico, as heranças genéticas, os fatores psicossociais, as ocorrências familiares e o convívio do lar, o ser não atravessaria os caminhos difíceis dos distúrbios e doenças perturbadoras.

 

Considerado o ser apenas como uma máquina, teríamos a vida sem finalidade nem objetivo, porquanto ele já nasceria sob os estigmas dos ancestrais — no que diz respeito às heranças genéticas, ao lar condicionador e à sociedade — no caso das distonias e anormalidades, das síndromes degenerativas e dos fenômenos patológicos vários, que determinam as desgraças de uns, e, por outro lado, os propiciatórios para a felicidade, a saúde e a beleza de reduzida faixa dos demais.

 

Sem dúvida, tal colocação falha pela ausência de uma sustentação lógica, considerando todas as ocorrências como procedentes do acaso fatalista e absurdo...

 

A análise transpessoal do ser concede-lhe dignidade causal e destinação final, mediante a travessia do percurso que lhe cumpre trilhar, gerando os meios felicitadores, ou desditosos, que são efeitos das suas realizações precedentes.

 

 

Passo a passo, desenvolvem-se os atributos da personalidade, ampliando-se os conteúdos da individualidade e aprimoram-se as aptidões latentes que são o germe da presença divina em todos.

 

Possuidor de recursos e potências não dimensionadas, o ser desabrocha e cresce sob as condições que lhe são inerentes, cabendo-lhe seguir o heliotropismo superior que o leva à sua destinação gloriosa.

 

Impregnado pelas partículas e moléculas materiais que o vestem, enquanto reencarnado, não raro a visão do êxito apresenta-se-lhe distorcida, caracterizando-se como o deleite contínuo, resultante dos prazeres hedonistas que a posição social relevante e o poder político-econômico proporcionam, ensejando um prolongado desfrutar.

 

Esquecendo-se da impermanência de tudo e da fugacidade do tempo — pelo qual apenas transita na sua dimensão de eternidade — desgasta-se, envelhece, adoece e morre... O imprevisível surpreende-o, e surgem-lhe a saturação, o desinteresse, os sentimentos apaixonados e os frustrados, proporcionando desequilíbrios interiores que se expressarão em tormentos para si e para os outros no inter-relacionamento pessoal.

 

Na busca do êxito, o ser, psicologicamente imaturo, investe todos os valores, e na competição encontra o estímulo para galgar os degraus do destaque, descendo moralmente, na escala dos padrões, à medida que ascende na aparência.

 

Essa dicotomia de ocorrências — a interna e a externa — resultará em infelicitá-lo, perturbando-lhe o senso de avaliação e de consideração da realidade, talvez ferindo profundamente a pessoa.

 

Caça-se o êxito como se fosse, na floresta humana, o objetivo essencial à vida, confundindo-se triunfo de fora com realização de harmonia interior.

 

Denigre-se então o adversário, que não o sabe, tornado assim por estar à frente ou mais alto; segue-se-lhe o passo, ocupando-lhe o lugar imediatamente inferior por ele deixado, até emparelhar-se-lhe e derrubá-lo, assumindo-lhe a posição.

 

Inevitavelmente, porque não permanecem espaços vazios nos relacionamentos humanos, enquanto, por sua vez ascende, deixa o degrau aberto que logo estará ocupado por aqueloutro que lhe será o substituto.

 

O triunfo de hoje é o prólogo do desencanto e das lágrimas de amanhã; sorrisos se tornarão esgares, e aplausos far-se-ão apedrejamentos, considerando-se, na população humana, as mesmas aspirações e os equivalentes conflitos.

 

A criatura são as suas necessidades.

 

 

O psicólogo americano pragmatista, William James, classificou os biótipos humanos em espíritos fracos e fortes, enquanto Ernesto Kretschmer, psiquiatra alemão, considerou as personalidades de acordo com a compleição do indivíduo em pícnico, ou pessoa redonda; atlético, ou pessoa quadrada; e o astênico, pessoa delgada. Em face de tal conclusão, afirmou que há espíritos esquizóides e ciclotímicos, enquanto Carlos Gustavo Jung os considerou introvertidos e extrovertidos.

 

Em todos há uma ânsia comum: os fracos fortalecerem-se, os ciclotímicos harmonizarem-se e os introvertidos exteriorizarem-se.

 

As psicoterapias são aplicadas conforme as revelações do inconsciente, arrancando dos arquivos do psiquismo os fatores que geraram os traumas e determinaram os conflitos, interpretando as ocorrências dos sonhos nos estados oníricos e as liberações catársicas nas demoradas análises.

 

Nem sempre, porém, serão encontradas as matrizes de tais patologias, que estão profundamente registradas no Espírito, como decorrência de condutas, de atividades, dos sucessos das reencarnações passadas.

 

Somente a sondagem cuidadosa dos arcanos do ser pretérito enseja o encontro das causas passadas, geradoras dos problemas atuais.

 

Uma análise transpessoal libera-o dos tabus, inclusive, da visão distorcida da realidade, que deixa de ser a exclusiva expressão terrena, para transportá-la para a vida imortal, precedente ao corpo e a ele sobrevivente, demonstrando que o êxito, o triunfo, o fracasso, o insucesso, não se apresentam conforme a proposta social imediatista, porém outra mais significativa e poderosa.

 

Convém determinar-se que o êxito material pode significar fracasso emocional, espiritual, e, às vezes, o insucesso, a aparente falta de triunfo constitui a plena vitória sobre si mesmo, suas paixões e pequenezes, uma forma de opção para o crescimento interior, ao invés do empenho pelo amealhar de moedas e reunião de títulos que não acalmam as emoções nem tranquilizam as ambições.

 

Certamente, a criatura deve possuir e dispor de recursos necessários para uma vida saudável, consentânea com o grupo social no qual se encontra. No entanto, o êxito não pode ser medido em contas bancárias, prestígio na comunidade e destaque político. Da mesma forma, não é factível definir-se por fracasso a ausência desses troféus.

 

Os homens e mulheres plenos, vitoriosos de todos os tempos, venceram-se, completaram-se e, sem qualquer tipo de conflito, optaram pela realização interior, respeitando todas as aspirações e direitos dos demais indivíduos, porém, a eles próprios impondo-se a autorrealização que lhes propiciou saúde — mesmo quando enfermos —, felicidade — embora perseguidos algumas vezes — e êxito — isto é, a vitória no que anelavam, apesar de levados ao martírio.

 

A visão transpessoal do êxito e do fracasso está ínsita na pessoa interior, real, a criatura harmonizada consigo mesma, com as outras pessoas, com a natureza e a vida.

 

Êxito é encontro, enquanto fracasso é domínio pelo ego.

O êxito gera paz, e o fracasso inquieta.

 

Autoanalisando-se, cada qual se descobre, assim dando-se conta do triunfo ou do insucesso, podendo recomeçar para alcançar o êxito, nunca o fracasso.

 

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS.

 

 


 

 

 

CONDIÇÕES DE PROGRESSO E HARMONIA


 

Na estrutura profunda da individualidade humana, encontram-se as experiências milenárias do ser, nem sempre harmonizadas entre si, geradoras
de conflitos e complexos negativos que a atormentam.


Atavicamente vinculada ainda às sensações decorrentes da faixa primária por onde transitou, a libido exerce-lhe poder preponderante no comportamento, conforme as constatações de Freud, que a considerou fator essencial na vida humana. Observando os diversos fenômenos de conduta e as terríveis angústias, como exacerbações da emotividade das criaturas, o mestre de Viena organizou todo o edifício da psicanálise na manifestação sexual castradora ou liberada, bem como na complexa influência materno paternal, que desde a infância conduziu o ser sob os tabus perniciosos e as constrições dos desejos irrealizados, das consciências de culpa, dos implementos perturbadores da personalidade patológica.

 


Estamos, sem dúvida, diante de fatores incontestáveis, todavia adstritos às áreas fenomenológicas e não causais, em se considerando que, herdeiro de si mesmo, o Espírito é o autor do seu destino — nunca será demasiado repeti-lo — renascendo em lares nos quais mantém vínculos afetivos e familiares, conforme a sua conduta anterior.


Face à variedade de renascimentos, nem sempre consegue diluir as lembranças que permanecem em forma de tendências e aptidões, de desejos e necessidades. Não digeridas, as frustrações, eis que se impõem mais graves, ao ressurgirem, na sucessão das ocorrências comportamentais, em forma de
distúrbios psicológicos de variada catalogação.

 

Preocupada com o ser-máquina, a psicologia não tem ensejado uma compreensão maior da criatura, que fica, na visão reducionista, limitada a um feixe de desejos e paixões primitivas. Em uma análise transpessoal, o ser enriquece-se de valores que lhe cumpre multiplicar cada vez mais, autoconhecendo-se e autodisciplinando -se, à medida que a sua consciência adquire lucidez e torna-se ótima. 


Abrem-se-lhe então as perspectivas antes cerradas, e facultam-se-lhe as oportunidades de dilatação do campo intelecto-emocional, passando a vencer as sequelas das existências anteriores, ainda predominantes no psiquismo, que se exteriorizam em forma de desarmonia.  A desidentificação com os graves compromissos que ainda o atormentam torna-se factível, mediante a impregnação com outros ideais e aspirações mais abrangentes quão agradáveis, que passam a povoar-lhe a paisagem mental. 


Nesse esforço, faz-se viável o autoconhecimento, como primeiro tentame de crescimento psicológico. A necessidade de tornar a mente um espelho, e postar-se defronte dela desnudo, é inadiável. Somente através de um exame da própria realidade, observando-se sem emoção — o que impede os sentimentos de autocompaixão como os de autopromoção, de justificação ou culpa — consegue-se um retrato fiel do que se é, e do que cumpre fazer-se para mais amar-se e ajudar-se como segmento imediato do esforço.


Enquanto a criatura não se despoja dos artifícios com que se oculta, evitando desnudar-se em uma atitude infantil repressiva, qualquer tentame exterior para o progresso e a harmonia resulta inócuo, quando se não torna perturbador. Ninguém é culpado conscientemente de ser frágil, fragmentário, ocorrências naturais do processo de evolução. Não obstante, a permanência na postura denota imaturidade psicológica ou manifestação patológica do comportamento. Quando alguém aspira por mudanças para melhor, irradia energias saudáveis, do campo mental, que contribuem para a realização da meta.


Através de contínuos esforços, direcionados para o objetivo, cria novos condicionamentos que levam ao êxito, como decorrência normal do querer. Nenhum milagre ou inusitado ocorre, nessa atitude que resulta do empenho individual. 


O autodescobrimento tem por finalidade conscientizar a pessoa a respeito do que necessita, de como realizá-lo e quando dar início à nova fase. Acomodada aos estados habituais, não se dá conta das incalculáveis possibilidades que lhe estão ao alcance, bastando-lhe apenas dispor-se a desdobrá-las. O autoencontro pode ser logrado através da meditação reflexível, do esforço para fixar a mente nas ideias positivas, buscando saber quem se é, e qual a finalidade da sua existência corporal e do futuro que a aguarda. Equipada de honesto desejo de equacionar-se, a esfinge perturbadora atira-se ao mar do discernimento e desaparece, deixando o indivíduo livre seguir, sem a maldita fatalidade de ser desditoso.


A consciência liberta-o das heranças paterno-maternais, produzindo o conhecimento lúcido e benéfico, que se torna filho capaz de conduzi-lo pelos caminhos da vida, sem a imposição caprichosa do deus-destino. Ao lado da meditação, encontra-se a ação solidária no concerto social, que alarga as possibilidades no campo onde se movimenta e promove o ser profundo, limpando-o dos caprichos do ego e liberando-o das arbitrárias injunções limitadoras, angustiantes.

 

O intercâmbio social com objetivos fraternais rompe as amarras do medo, dando outra dimensão à afetividade — sem apego, sem paixão, sem desejo, sem neurose —, facultando a harmonia pessoal — sem ansiedade, sem conflito, sem culpa —, ensejando saúde mental e emocional indispensáveis à física.


As condições do progresso e harmonia do eu real propõem um estudo das virtudes evangélicas, uma releitura dos seus fundamentos e posterior aplicação na conduta pessoal. Amor indistinto, manifestando-se em todas as expressões e começando por si próprio, com segurança de propósitos, metas e realizações, é o passo inicial da fase nova, ao lado do perdão liberador de ressentimentos, desgosto e inferioridade geradora de reações de violência ou de depressão com caráter autopunitivo.
 

Na visão transpessoal, o progresso e a harmonia são conquistas internas do ser humano, que se exteriorizam como entendimento da vida e atração por ela, num empenho incessante de crescer e jamais cansar-se, saturar-se ou desistir.

 

O progresso é fatalidade da vida, e a harmonia resulta da consciência desperta para a conquista da sua plenificação.

 

 

Extraído do livro:

O SER CONSCIENTE de DIVALDO PEREIRA FRANCO ditado pelo ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS.