Natal

Postado por admin 03/12/2016 0 Comment(s)

 

NATAL

 

Há dois nascimentos de Jesus:

 

O nascimento que comemoramos e festejamos, com data certa, relembrando a manjedoura, a visita dos Reis Magos, os presentes, os anjos cantando hosanas nos céus junto aos pastores, a consagração do Primogênito no templo, o cântico de Simeão, que, tomando a Criança no colo, reconhecia a presença do Messias Prometido.

 

Foi quando Jesus nasceu para o homem!

 

Então as festividades, os presentes, a mesa melhor preparada, os votos de feliz natal e as múltiplas formas de se melhorar o amor ao próximo.

 

Em verdade, a lembrança mais forte do nascimento de Jesus, torna maior a solidariedade e traz para o coração do homem momentos de ternura espiritual.

 

Embora o natal da manjedoura acione no homem suas melhores virtudes, acaba, muitas vezes, tendo curta duração e, para muitos, os dias que se seguem continuam com as mesmas rotinas.

 

Aqui Jesus nasceu para o homem.

 

Há outro nascimento a se comemorar. Não de uma criança, não de uma mensagem, mas o nascimento Da Mensagem perpassando a narração de Irmão X, psicografia de Chico, livro “Boa Nova”, “A Primeira Pregação”, tudo se inicia quando Aquele jovem, nos primeiros dias do ano 30, avistou-se com João Batista no deserto da Judeia.

 

Conviveram alguns dias após os quais Jesus demandou o Oasis de Jericó: descansou e, depois, palmilhando os caminhos dirigiu-se a Jerusalém, repousando ao cair da noite.

 

Manhã seguinte, como um peregrino, ei-lo nas adjacências do templo, olhar sereno, lucido, profundo; atraiu a atenção de sacerdotes.

 

Um deles, Hanã, indagou a que vinha e Jesus afirmou-lhe que viera para despertar no homem o Reino de Deus.

 

- O Reino, disse ao sacerdote, e a Obra Divina no coração do homem.

 

Manhã seguinte o mesmo formoso Peregrino foi visto a contemplar as maravilhas do santuário, para, depois, internar-se pelas estradas banhadas de sol, a caminho da Galileia distante, passou por Nazaré, descansou em Caná, chegando à pequena Cafarnaum, como se, com viva emoção procurasse por alguém que estivesse à Sua espera.

 

Ganhou as margens do Tiberíades, com suas águas transparentes, que beijavam os eloendros das margens da praia. Grupo alegre de pescadores, cantando deixavam seus barcos às margens do lago, principiando andar pelas areias mornas da praia. Dois deles também desembarcaram e deles o Jovem Jesus aproximou-se e, resolutamente falou-lhes:

 

- Simão Pedro e André – filhos de Jonas – Eu venho da parte de Deus e vos convido a trabalhar pela instituição de Seu Reino no coração do homem.

 

Surpreso, Simão e André dando expansão aos seus temperamentos acolhedores exclamaram a um só tempo:

 

- Sede, bem-vindo!

 

O Jovem Jesus sorriu serenamente e indagou:

 

- Quereis vós ser Meus discípulos?

 

Perplexos, num breve momento, Pedro buscava em suas lembranças, alguma recordação Daquele Homem. Onde já Lhe escutara o timbre carinhoso da voz, que lhe era tão familiar?

 

André tinha vagas lembranças de tê-Lo visto andando pelas cercanias. Movidos por inexplicável confiança e carinho, que lhes brotava do âmago do espírito, responderam, ao mesmo tempo:

 

- Senhor, seguiremos Teus passos!

 

Mais adiante, Jesus chamou dois outros irmãos – Tiago e João – filhos de Zebedeu, que, no mesmo instante o seguiram.

 

Jesus abraçou-os.

 

Dirigiram-se, então, à casa humilde e acolhedora de Simão, naquele momento. Jesus fez a primeira exposição de Sua Doutrina. Iniciou-se, ali, a eterna união dos inseparáveis companheiros.

 

Na tarde desse mesmo dia, Jesus realizou a primeira pregação da Boa Nova. Praça ampla, situada junto às águas, céu límpido, vibrações harmoniosas pairando no ar, como se à tarde também possuísse alma sensível. Aves ariscas pousavam nas árvores, como se desejassem partilhar daquele momento glorioso.

 

Na praia, pescadores rústicos, mulheres aflitas, crianças sujas, publicanos pecadores misturados a homens simples e analfabetos, ansiosos, todos por ouvi-Lo. Magnetizados por Seu amor, o povo O escutava num transporte de venturas:

 

No céu vibrações desconhecidas; no horizonte um deslumbramento de luz.

 

E Jesus começou dizendo:

 

- Meus amados.

 

Ocorria, naquele momento o outro nascimento. O nascimento das mensagens, do Homem para o Mestre. E a mensagem atravessou os tempos:

 

“Bem aventurados os mansos, porque herdarão a Terra;

 

Vós sois a luz do mundo, assim brilha também a vossa luz diante dos homens;

 

Dá a quem te pede, e não voltes às costas ao que deseja que lhe emprestes;

 

Tu, porém, quando orardes, entra em teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai que está em secreto;

 

Por que onde está o teu tesouro, ai também estará o teu coração;

 

Não julgueis;

 

A tua fé te salvou;

 

Porque o Reino de Deus está dentro de vós;

 

Desde os dias de João Batista o Reino de Deus é tomado por esforço;

 

Nicodemos – Em verdade, em verdade te digo, se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus;

 

Não chores! Chegando-se, tocou-o e disse: Jovem, Eu mando: Levanta-te.

 

E o filho da viúva de Naim passou a falar.

 

Amará o Senhor teu Deus de todo o teu coração de toda tua alma e de todo o teu entendimento;

 

Amará o teu próximo como a ti mesmo.

 

Destes dois mandamentos depende toda Lei e os profetas.”

 

A Doutrina Espírita é precioso instrumento para que possamos conhecer, e depois compreender a mensagem evangélica. O nascimento da mensagem para o homem ocorre sempre que o Reino de Deus, Tesouro Divino com que Deus nos brinda quando fomos criados, alcança algum desenvolvimento.

 

O nascimento da mensagem no coração do homem não tem data certa, porque é constante.

 

Não tem mesa farta, porque é espiritual.

 

Nem votos de amigos, porque se dá na intimidade de cada um.

 

As comemorações são da pessoa para consigo mesma e cada conquista, um presente.

 

É gradativo, ninguém desabrocha o seu reino imediatamente.

 

Contudo, exige esforço. Por isso o Codificador desenhou a figura do verdadeiro espírita como aquele que busca sua transformação moral e se esforça para dominar suas más tendências.

 

É imperioso que, ao nos defrontarmos com a Mensagem, o tesouro legado pelo Mestre, recordemos a resposta dos apóstolos diante de Jesus:

 

- Senhor, seja bem-vindo!

 

É preciso abrir a porta. Embora a Doutrina Espírita possa ser conhecida, estudada, vivenciada em qualquer lugar e tempo, é no centro espírita que se tem local adequado para compreendê-la em sua profundidade.

 

Por que?

 

“Porque o centro espírita terá sempre como prioridade, compromisso essencial de trabalhar na formação de ambientes educativos, de trabalhar pela felicidade do homem.

 

O centro espírita favorece o entendimento doutrinário, oferecendo condições para que cada um extraia de si mesmo, o seu valor divino na obra da criação.

 

Fazer do auto amor uma lição prioritária, porque o auto amor é um aprendizado de longa duração.

 

A casa espírita é um reduto de aprimoramento de nossos sentimentos e escola eficiente para superação de nossas dores.”

 

(Anotações do livro “Escutando Sentimentos” – Espírito Ermance Dufaux – psicografia de Wanderley S. de Oliveira).

 

Por fim, pergunto:

 

- Que é um centro espírita?

 

E considero que a pergunta está mal formulada. Devo perguntar:

 

- Quem é um centro espírita?

 

A resposta é simples:

 

Um centro espírita somos todos nós, que nos reunimos, que nos abraçamos, que aprendemos, que doamos, recebemos, que oramos, que agradecemos, que recolhemos e distribuímos.

 

Quando nos reunimos no centro para rememorar as primeiras palavras de Jesus em sua primeira pregação:

 

“Meus Amados”.

 

 

 

Palestra proferida no C.E. Chico Xavier – Bauru – 30/11/2016 como parte das comemorações do Natal.  

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